quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

MODA ANOS 50 - DÉCADAS DA MODA

Antigamente, a moda e a forma de se vestir eram totalmente diferente dos dias atuais. Os meus avós me contavam que antigamente quando se precisava de camisas, calças, entre outras peças do vestuário, as pessoas procuravam um alfaiate – no caso dos rapazes, e para as moças procuravam-se por uma costureira.
Quando uma pessoa ia até um alfaiate ou uma costureira, este ou esta apresentava ao cliente uma espécie de figurino, como se fosse um livro com moldes e modelos de roupas, dessa forma o cliente poderia ver o tipo, a forma e o modelo das peças do vestuário que gostaria de adquirir.
Em outros casos, quando a pessoa não gosta dos moldes e forma das peças de roupas dos alfaiates ou da costureira, ela (ele) era obrigada a comprar o seu próprio tecido e mandava fazer a sua roupa. No caso das moças daquela época que eram da classe média, usavam geralmente saias com pregas, saias e vestidos com modelagens godês ou lisas, nada muito extravagantes.
Já os rapazes utilizavam calças de fazenda, mais grossa no inverno e mais fina durante o verão, camisas e casacos, bem diferentes dos modelos que encontramos hoje em dia, pois naquela época as camisas e casacos eram mais fechados.
Em relação ao calçado, quando precisava-se de um par de sapatos, as pessoas procuravam normalmente um sapateiro ou um mercado, onde estava habitualmente exposta uma variedade maior de calçados. Quem tinha mais posses, podia mandar fazer calçados de sua preferência. Bem diferente dos dias de hoje.
Quando falamos em anos 50, rapidamente nos lembramos das figuras que marcaram a época, tais como Grace Kelly, Marilyn Monroe e tantas outras. Essas mulheres eram símbolo da sensualidade da década de 50 e misturavam estilos da época, como a sensualidade. Toda essa revolução do mundo da moda teve inicio no fim da segunda guerra mundial. Época em que o mercado do tecido entrou em expansão, foi a partir daí que as mulheres começaram a se arrumar mais e passaram a ficar extremamente belas e exuberantes.

História da moda anos 50
Os anos 50 ficaram conhecidos como “anos dourados” a época em que a moda esbanjava glamour. A moda dos anos 50 foi repleta de novidades, nessa época a moda era seduzida pelo romantismo e feminilidade, podemos dizer que as mulheres daquela época eram bastante vaidosas, elas utilizavam roupas bastante discretas e o sonho de grande parte delas eram se casar, ter filhos e ser uma ótima dona de casa. Estilistas como Cristobal Balenciaga, Hubert de Givenchy, Pierre Balmain, Chanel, Ninca Riccci e Christina Dior transformaram os anos 50 em uma época de muito glamour e sofisticação.
O Brasil também fez parte da moda nos 50, pois foi nessa época que o país começou a confeccionar seus próprios tecidos e com isso a moda no Brasil tornou ainda mais glamourosa. Os anos dourados foram marcados pelas saias e vestidos rodados que aos poucos foram diminuindo o seu comprimento, chegando até um dedo após os joelhos.
A história antigamente era bem diferente, se gastava metros e metros de tecidos para confeccionar vestidos e saias que iam até o tornozelo. A moda dos anos 50 era uma época em que a sofisticação e o luxo estavam começando a surgir, as mulheres eram totalmente vaidosas e cuidar da aparência era fundamental entre elas.

Vestidos e Saias Marcantes e o uso de Acessórios
Nesta década, a silhueta no lugar e bem marcada era predominante. Tanto os vestidos como as saias para se usar durante o dia possuíam o comprimento abaixo dos joelhos e normalmente tinha a cintura bem marcada e as saias volumosas e rodadas. Diferente dos vestidos de festa para se usar à noite, que eram longos e de muito bom gosto. Normalmente, os vestidos de festa daquela época eram tomara que caia e podiam ser complementados com casacos de pele luxuosos, colares de pérolas, jóias luxuosas e luvas.
No dia a dia, o uso de chapéus era muito comum, geralmente eles tinham formatos pequenos bem semelhantes aos casquetes, mas algumas vezes os chapéus com modelagens amplas predominavam. Os chapéus eram acessórios muito simples naquela época, mas eram considerados itens de extrema elegância. Os penteados eram muito comum entre as mulheres, principalmente o rabo-de-cavalo como Brigitte Bardot e os cabelos com franjas para deixar as mulheres com um ar de menina. As tintas de cabelos e loções alisadoras e fixadoras também começaram a fazer parte da vida das mulheres.
O que não poderia faltar jamais na moda dos anos 50 eram os sapatos de salto altos e luvas, sem esquecer, é claro, das jóias, a feminilidade dos lenços que eram amarrados ao pescoço, os penteados tradicionais daquela época, e claro a maquiagem.
A maquiagem dos anos 50 tinha os olhos bastante destacados com muito delineador e rímel, os lábios eram quase sempre vermelhos, que era considerado o “queridinho” das mulheres nessa época, sem contar o pó de arroz que dava o toque especial de palidez na pele. Os dois grandes símbolos de beleza que marcaram os anos 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot.
Nessa mesma época foram criadas as primeiras calças femininas, as mulheres mais jovens era as que mais gostavam da novidade, mas infelizmente as mulheres que usavam calças eram julgadas. As pessoas jugavam-as por achar que calça era somente roupa de homem, mas aos poucos o preconceito foi sendo deixado de lado e a calça feminina virou febre não só entre as mulheres, mas no mundo inteiro.
Quanto aos biquínis, diferente do que estamos acostumados a ver hoje em dia, os biquínis daquela época eram bem grandes. Os pais e os maridos tinham bastante preconceito, principalmente porque não queriam que as suas filhas e  esposas mostrassem o corpo.

Moda masculina dos anos 50
Claro que a moda dos anos 50 não iria privilegiar somente as mulheres, os homens também foram incluídos nessa época. Um filme que fazia bastante sucesso no cinema daquela época era “Juventude Transviada” (1955), a partir daí os garotos queriam mostrar a sua rebeldia e atitude, passaram a usar jaquetas de couro e a clássica calça jeans, o que fazia com que o visual rebelde combinasse perfeitamente com as motocicletas. O que os homens mais gostavam de usar naquela época, eram as camisetas brancas e topetes enrolados, o penteado deixava os jovens dos anos 50 cheios de charmes, o que consequentemente fazia com que as garotas suspirarem por eles.

Marcas e Estilistas
Mas, não pense que a moda dos 50 ficou esquecida, alguns estilistas muitos famosos nos dias atuais continuam se inspirando na moda retro, principalmente na moda dos anos 50. As roupas inspiradas nessa época esbanjam elegância e suavidade, grande parte das roupas lembram o estilo boneca e o romantismo. Podemos dizer que a moda dos anos 50 ou anos dourados é uma moda que nunca mais vai sair do cenário fashion.
Para saber mais sobre a moda dos 50, um filme que mostra e relata perfeitamente a época é “Nos tempos da brilhantina”. Você vai encontrar muitos vestidos e saias rodadas com o comprimento batendo no meio da batata da perna, cinturas marcadas, rabo-de-cavalo, meias soquetes e sapatos de boneca.
Além disso, na década de 50 algumas empresas ganharam um forte destaque, como é o caso da empresa Revlon, Helene Rubinstein, Estée Lauder, entre muitas outras. Nessa época, dois tipos de beleza faziam muito sucesso, confira quais são eles.
O primeiro tipo de beleza era marcado pela ingenuidade e pela elegância. Grace Kelly e Audrey Hepburn eram ótimos exemplos de mulheres que possuem esse tipo de característica. Já o outro tinha como principal característica a sensualidade e o charme, encarnado pelas atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner.
E para finalizar, não podemos esquecer-nos de Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que foram ícones da sensualidade na década de 50 e serviram de inspirações para diversas grifes do mercado, aliás, esses dois símbolos de sensualidade ainda servem de inspiração para muitos estilistas e marcas de grifes famosas.

Moda Anos 50 – Fotos











fotos: divulgação
fonte:
http://nadafragil.com.br/moda-anos-50-decadas-da-moda/


  



terça-feira, 24 de novembro de 2015

SAUDADES DOS ANOS 60


Conheço muitos jovens com saudades dos anos 60, tão idealizados e imaginados através do cinema, livros ou relatos dos pais.

Para eles seria uma época mítica e lendária, os anos rebeldes. Também tenho saudades, mas não era bem
assim...
Não havia internet, Google, fax, celular

e
 muito menos TV a cabo.

E SIM :
Os quatro canais existentes começavam a funcionar ao meio-dia e encerravam a programação lá pela uma da manhã. E depois só ficava na tela um desenho estranho e estático nos dando boa noite até o final da manhã.

Tínhamos que ir à biblioteca para fazermos pesquisas de colégio


Os discos, que eram chamados de "long-plays", de no máximo 32 minutos eram virados para poder tocar o lado B.

CONTROLE REMOTO SEM FIO
Não havia controle remoto e nem telefone sem fio.

TELEFONES


Os telefones, assim como os táxis, eram sempre negros e muito pesados,


com exceção dos telefones de quartos de madames (ou madames de Hollywood) que eram quase sempre brancos.

Não tinham teclas, mas discos rotatórios com números encaixados dentro de buracos circulares onde enfiávamos os dedos. Daí a origem do verbo discar como sinônimo de telefonar. E não tinha "redial", o que nos obrigava a enfiar o dedo e discar de novo e de novo. E como dava engano!

A grande onda do telefone era de poder dar trotes. Crianças e até mesmo adultos passavam trotes bobinhos tipo : "pinico de barro enferruja?" ou "A senhora pode esperar um minutinho?". Depois de 60 segundos de silêncio, o trotista dizia obrigado e desligava com uma risadinha audível...


Telefone no Brasil sempre foi um problema. Custava caro e só poucos tinham em casa, tal qual as televisões que eram raras, caras e poucos no prédio tinham essa novidade. Éramos quase todos, não telespectadores, mas tele-vizinhos.
Para fazer uma ligação telefônica tinhamos que esperar o telefone "dar linha".
Não havia DDI e uma ligação internacional demorava mais de quatro horas para ser feita pela telefonista. Quando a ligação se completava, nem sempre sabíamos mais do que queríamos falar ou então aquela paixão monumental já tinha virado um simples "flêrte".
 COMPUTADORES
Computadores, só os bancos tinham. Gigantescos, ocupavam andares inteiros e só eram compreendidos por especialistas que possuíam curso universitário sobre o assunto.

DENTISTAS

Dentista doía, e doía muito...




Em compensação a música era muito melhor! John Lennon, Jim Morrison, Janis Joplin e Jimi Hendrix, todos os jotas ainda estavam ativos. Muito doidos, mais pra lá do que pra cá, mas vivos

Bob Dylan não era o fanático religioso de hoje e influenciava toda uma geração de "quero-ser-poeta".



E o Zé Bonitinho, Golias e o Zé Trindade apareciam
na
"Praça é Nossa" e até achávamos meio divertido, apesar de bastante kistch

IPANEMA
Dava para praticar namoros nas areias da praia de Ipanema de noite sem sermos assaltados por pivetes e nem achacados por PMs. Ou vice-versa. PMs que aliás eram chamados de Cosme e Damião, porque andavam sempre em duplas. E usavam gravatas negras e uniforme cáqui.


Uma calça Levis 501 custava o equivalente a US$ 3,00 no Mercadinho Azul de Copacabana, paraíso dos importados contrabandeados por aeromoças da finada Panair do Brasil.
O perfume Lancaster vinha da Argentina e todos nós, rapazes da Zona Sul usávamos.O cheiro deste perfume nas festas concorridas era massacrante para as narinas mais sensíveis.
Do Paraguai só chegava uísque falsificado, isto é, nacional legítimo Made in Assuncion.

As camisas eram de Ban-lon, ou de malha com psicodélicos jacarezinhos verdes. E não é que a Lacoste voltou à moda?

Aliás, muitos de nós víamos jacarés e macacos verdes e alucinados por aí.

As calças eram de Tergal, isto é, não amassavam e nem perdiam o vinco e quem comprasse um terno na Ducal ganhava duas calças iguais.

O que sempre me fez perguntar o porquê: calças sujavam mais do que paletós ou eram menos duráveis?

As moças, depois de virarem mocinhas, ainda ficavam incomodadas, até que um gênio da publicidade escreveu: " Incomodada ficava a sua avó!", em anúncio de absorvente. E só havia Modess no mercado.

E o que seria do amarelo se todos gostassem do vermelho? Ou vice-versa? Esta publicidade de tintas marcou. Se alguém lhe citar esta frase, ou é o seu pai, ou um estudante de publicidade ou algum novo velho nostálgico que aprendeu a dizer isto com o pai.

Perto da minha casa em Copacabana haviam 18 cinemas, distante no máximo uns 15 minutos a pé. Ou sete de bonde. "Bonde? O que é isso?"

A Brigitte Bardot e a Sophia Loren ainda eram umas gatas, e contávamos pin-ups pulando a cerca até cairmos no sono, nossos "wet dreams" noturnos.

A Sonia Braga, linda aos 18 anos, tirava a roupa (nuínha em pelo!) todas a noites na peça Hair. Meninos, eu vi! Aliás, eu ia em quase todas as noites. E o Wilker era só um ótimo ator meio estranho e ruivo.

As mulheres bonitas tinham "it". Nós, garotos, éramos divididos entre os pães e os muquiranas, ou bonitos e feiosos.

Pão era o Alain Delon. O Paul MacCartney também, apesar de que as meninas mais "cabeça" já preferiam o Lennon, que usava óculos, era míope e tinha jeito e cara de intelectual. Sorte minha que já era um "quatro olhos", apelido políticamente incorreto de quem os usavam .

Mas quem realmente salvou a minha vida afetiva e amorosa foi o ator francês Jean Paul Belmondo. Calma , gente! Belmondo era um feio com nariz estranho que as mulheres achavam "charmoso". E acabou com a tirania da beleza roliúdica dos galãs pasteurizados para sempre e graças a Deus!

Os litros de leite eram vendidos em garrafas de vidro. Mas só dava para beber leite pasteurizado, isto é, que recebia um tratamento especial. Mas todos tinham que ser fervidos antes de serem bebidos. E não havia esse tal de desnatado: havia o adulterado com muita água e o adulterado com menos água.

Leite em pó tinha que ser batido durante minutos com uma colher para dissolver no copo. Era um bom exercício para o muque. Até que surgiu o leite Glória que "dissolvia sem bater".

E o carro Gordini, um francês fabricado em São Paulo, que todo jovem queria ter, recebeu o apelido de leite Glória porque também se dissolvia sem bater. Era muito frágil.

Os carros só possuíam rádios AM (!) e eram Fuscas, Dauphines, o já citado Gordinis, DKWs (Decavê) e Aero Willis. E o elegante Simca Chambord, com mini rabo de peixe e pneu de banda branca como um Cadillac chinfrim e tudo. Mas todos sem ar-condicionado e vidros elétricos.

Mais um motivo para exercitarmos o muque que exibíamos por baixo das camisas de manga durta arregaçadas ao estilo James Dean, ou nas praias mais ou menos limpas, mas com valas negras quase do tamanho do Rio Negro.

Sol naqueles anos dourados não causava câncer, mas mesmo assim nos protegíamos com Rayto de Sol, o único argentino que chegava até nossas praias...

Bons tempos.

Camisinhas só eram usadas nas incursões à zonas mui perigosas, nas casas coloridas perto do Canal do
Mangue, hoje Cidade Nova.

As torcidas de futebol só gozavam com as caras dos outros nas derrotas, sem brigas e sem violências, numa época onde porra e pentelho eram palavrões e não ficavam bem na boca de ninguém.

Aliás, até hoje porra e pentelho não ficam bem na boca de ninguém...

Os discos dos Beatles (e filmes) demoravam meses para serem lançados aqui.

Mas quando chegavam eram uma festa, festa mesmo com todo mundo dançando twist e yê-yê-yê. As meninas alisavam o cabelo com ferro de passar roupa e só gostavam de garotos de cabelos lisos.

Os meninos de cabelos mais rebeldes dormiam com ridículas toucas na cabeça feitas com meias de seda surrupiadas da mãe ou da irmã. E sempre acordávamos com uma marca na testa que só saía da cara da gente lá pela hora do recreio.

Isto até 1966, quando surgiram os primeiros hippies e seus longos cabelos encaracolados.

E foi aí, com os meus rebeldes cachos que arrumei a minha primeira namorada, época mais ou menos dessa foto aí de cima.

As câmeras eram analógicas, manuais e muito mocorongas. Photoshop era apenas uma tradução para loja de fotografias, para quem estudava no IBEU ou para quem tinha feito American Fields, isto é, cursado a high school nos cafundós do centro-oeste americano.

Outra coisa interessante era que dávamos festas onde a grande atração era um imenso gravador de rolo onde brincávamos de gravar as nossas vozes dizendo bobagens, poesias e outras bobagens. "Poxa, minha voz é assim mesmo?" é verdade, a gente ainda não se conhecia tanto.

E psicanálise ainda era considerada coisa de maluco. Só em 1968 que a análise entrou na moda. E também surgiram as primeiras fitas cassete. Lembro de ouvir o Album Branco dos Beatles em uma dessas estranhas novidades. E de achar inovador e genial uma capa toda branca e branca ainda por cima e por baixo.
Aliás, genial era o adjetivo da moda. Tudo era geniaaaal!

Menos os filmes do Julio Bressane que passavam no Cine Payssandú. Eram loooongos e chaaaatos...

Havia festivais de bossa nova nos ginásios e auditórios onde cantavam jovens promissores, tipo um garoto tímido chamado Francisco Buarque de Holanda, e mais Eduardo Lobo, Nara Leão, ou uns coroas metidos a garotões como Antonio Carlos Jobim, Carlos Lyra, Roberto Menescal e Vinícius de Morais. Todos geniaaais!

Jorge Benjor ainda se chamava Jorge Ben e era só um dos maiores craques do futebol de areia, em Copacabana. Bairro onde também Vinicius morou. E logo no meu prédio! Ele me dava bom dia no elevador (eu indo para o colégio, ele voltando da noite) e me gozava quando o seu Garrincha fazia gols no meu Mengão. E o que é pior: nunca conversamos sobre poesia, amor ou literatura. Só sobre bola e os grandes peitos sem silicone(!) da vizinha do 302.

Açúcar não fazia mal. Engordava e causava cáries, mas não era o veneno de hoje. Não havia refrigerantes Diet ou Light.

E Light era só um clube do qual minha mãe não era sócia, pois me dizia isso sempre que eu deixava a luz do quarto acesa atrás de mim.

Havia um tal refrigerante Grapette, que "quem bebe, repete" cuja principal característica era a de deixar a língua roxa. Roxa como a luz negra que dava ares de Londres ou San Francisco nas nossas festas e nos deixava com uns dentes cor de dente de vampiro.


Nas festas, brincava-se de pêra, uva ou maçã. Pêra era aperto de mão, uva, abraço, maçã, beijo. As mais afoitas escolhiam logo salada mista de frutas. Mas nunca dei a sorte de escolher tamanha iguaria...

Legal foi quando o Bob`s de Copacabana inventou o queijo quente, e ia bem com a novidade do suco de uva. Pouco depois lançaram a salada de atum e a de ovos, mas essa não era muito popular, porque dava gazes e tínhamos que mostrar que a mão não estava amarela. Confesso que até hoje nunca entendi qual era a relação entre a flatulência e a cor da palma da mão.

Trocava-se de mal apertando os dedos mindinhos, fazia-se as pazes com os polegares. Em uma era pré-Aids fazíamos pactos de sangue. Éramos dramáticos até a morte extrema. E tudo era prenúncio de uma tragédia grega ou de fotonovela italiana da finada revista Grande Hotel. Os atores protagonistas tinham até fã-clube no país. Era uma história em quadrinhos para adultas.

As novelas da Tv Tupi também paravam o país, como na noite em Albertinho Limonta descobriu que era neto do seu próprio avô (?) em O Direito de Nascer.

Brigávamos na rua por bobagens tipo "não mete minha mãe no meio, senão eu meto no meio da tua”. E quando alguém do prédio acima jogava água (ou outros) para acabar com a balbúrdia, gritávamos:
"Joga a mãe junto, amarrada a um piano!”.
Imagino que era para ela cair mais rápido.

Ou talvez um certo preconceito contra os "pequenos burgueses" que tinham piano em casa. O quente era tocar violão!

Eramos meio edipianos...
Alguns começavam a fumar bem cedo para se sentirem mais velhos como o Sean Connery, charmosos que nem o Paul Newman, gostosas como a Kim Novak ou Marilyn Monroe. E macho mesmo fumava só cigarro sem filtro, tipo Continental.
Vários já viraram saudade nesta onda.
Eu experimentei um tal de "Cigarros Cônsul" porque era mentolado, mas ainda bem que tossi tudo o que não tinha direito na frente da guria que queria impressionar.

Salvo do câncer, do enfisema e da impotência (ufa!) pelo engasgo e pelo mico.
Nos cinemas era proibido comer, fumar e beber. E alguns beijos mais afoitos eram devidamente iluminados pelo lanterninha. Se o casal reincidisse no delito era colocado para fora, como Adão e Eva do Cine Paraíso.
Muitas boas reputações foram destruídas em matinês...

Menina que ia à Barra da Tijuca de noite ficava falada para o resto dos dias.

Se fosse de lambreta então, já estava no inferno. E não casava mais. Apesar de que alguns cirurgiões plásticos apregoavam que sabiam como restaurar virgindades. Literalmente.

Para nós, garotos com espinhas ou sem espinhas, sexo só com as revistinhas de sacanagem do Carlos Zéfiro, que ainda não era cult e não posava em capa de disco da Marisa Monte. Ou então, com revistas de fotografias que mostravam fotos de mulheres nuas retocadas "lá em baixo" em uma era pré-Photoshop. Vai ver que foi por isto que virei fotógrafo depois.

Revista Playboy só as importadas. E alguns pais as mantinham guardadas em cofres, junto com os bônus do Tesouro Nacional. E mesmo assim nelas não podiam aparecer pêlos e nem a perereca. Que, aliás, a Dercy Gonçalves, que já era velha na época, tão bem popularizou na música " A Perereca da Vizinha Está Presa na Gaiola". Um clássico do cancioneiro carnavalesco, como veremos depois.

As meninas eram muito "difíceis" e, zelosas da reputação ou com, medo de ficar para "titia" só começavam a atuar bem depois dos vinte. A solução era recorrer às profissionais, que estavam mais para amadoras, com trocadilho mesmo. Ou visitar o quarto daquela empregada mais afoita na calada da noite. Naquele tempo não haviam diaristas e quase todas dormiam nas casas onde trabalhavam. E tinham que subir pelo elevador dos fundos junto com os "pretos" ou "os de pele moreninha", eufemismo então corrente no país que mal sabia disfarçar um racismo secular.

O Brasil era uma grande senzala. Era?

Não havia esse negócio de viajar para Búzios com o namorado.
Búzios era uma vila de pescadores, quase nos cafundós, e só ficou famosa depois que o namorado brasileiro de Brigitte Bardot (que, aliás, era marroquino, mas os jornais entusiamados logo o "naturalizaram") levou-a para fugir dos paparazzis que tanto a perseguiam pelo Rio. Brigitte depois voltou para cá e dava tanto mole pela cidade que já a chamavam de "arroz de festa". "Ih... lá vem aquela chata da BB...". E estas duas letras em maiúsculas viraram para todo o sempre abreviatura de "boa e burra". Isto é, até o Big Brother surgir.

Algumas reputações de Hollywood foram destruídas nos bailes de Carnaval. Todos se lembram do galã másculo Rock Hudson agarrado aos beijos e barrancos com um fuzileiro naval na piscina do Copa, enquanto a orquestra atacava de Cidade Maravilhosa.

Música que encerrava os bailes, de clubes ou das ruas cercadas por cordas, onde ficávamos dando voltas abraçados nas meninas, vestidos de tirolês, caubóis ou havaianas. E pulando ao som de uma bandinha xexelenta(?) tocando músicas de duplo sentido, ou até meio explicitas, tipo: "olha a cabeleira do Zezé, será que ele é...", ou" foi ele que botou o pó em mim". Pó de mico... É claro que as meninas avançadas trocavam o "ó" por "au"...

E sempre ajeitando os sarongues.
Aliás, as sandálias havaianas eram chamadas de japonesas e homem só podia usar as de cores escuras. E mesmo assim só para ir à praia.

Camisa vermelha era "coisa de viado", diziam. Ou pederasta, como as famílias diziam dos filhos dos outros. Mas havia muito pai que era cego e não via que seu filho dava umas boas "desmunhecadas" ou jogava "água fora da bacia";.

A juventude era uma doença que se curava com o tempo.
Até que, no começo de 1964, a Beatlemania explodiu no mundo e tudo começou a mudar. Pela primeira vez na história, jovens começavam a formar opiniões e a mudar o comportamento vigente da sociedade careta de então.
Descobríamos a liberdade. Que não era só um jeans azul e desbotado do anúncio da US Top.

Liberdade,liberdade que (ainda que tarde ou "aqui será também" ) ainda abria suas asas sobre nós!
Ela era real e para sempre. Assim, pelo menos pensávamos.

Mal sabíamos que em 1º de Abril de 1964, o dia da mentira, um golpe militar de direita iria mergulhar o país na mais longa noite, na pior escuridão, no caos e no medo.

Uma noite que durou 21 anos.
Nesta longa e vazia noite, amigos desapareciam, como que encantados por um bruxo mau, para sempre. No que parecia ser uma escuridão eterna, havia uma tênue esperança de luz no fim do túnel. Alguns, mais pessimistas, diziam que era um trem na contramão...

Pichávamos paredes com palavras de ordem contra os militares. Passeávamos em passeatas, no centro da cidade, que sempre acabavam, em grossa pancadaria, repressão das "otoridades" e muitas prisões. E beijos entre os sobreviventes, livres, leves e até então soltos.

Mas a gente era feliz. E sabia disso, mesmo quando vivíamos na fossa. Que, aliás, eram volúveis e voláteis e sujeitas a dias de praia e sol e noites de chuva ou lua cheia.

Acreditávamos no amor eterno, mas não achávamos que veríamos o século XXI. E 2001, além de ser um grande enigmático filme (para os reles mortais e burgueses que não entendiam bulhufas), era uma data abstrata e distante.

Nos saudávamos uns aos outros com um simples:
"Paz e amor".
Acreditávamos nisso.
Continuo acreditando...


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http://revi-vendo.blogspot.com/2011_03_09_archive.html

domingo, 22 de novembro de 2015

DRINKS FAVORITOS DE PERSONALIDADE

Um copo d’água e um bom drink não se nega a ninguém. Porém todos  têm a bebida favorita, celebridades e personalidades não fogem à regra, algumas vezes até criando drinks que se tornaram verdadeiros clássicos. 
Abaixo, uma galeria com os 8 drinks favoritos de nomes como Charles Bukowski e Barack Obama.


ERNEST HEMINGWAY
Hemingway se servindo de gin 

GEORGE CLONEY
Tequila 
George Clooney ama tequila. Ama tanto que transformou isso em negócio. O ator se uniu ao seu vizinho e dono de restaurante Rande Gerber para criar um marca da bebida, feita para ser degustada da maneira preferida de George: sem limão nem sal, purinha.

ERNEST HEMINGWAY
Mojito

BONO 
Whisky Bourbon

F.SCOTT FITZGERALD
 Gin Rickeys 

BARACK OBAMA
Cerveja  

OSCAR WILDE
Absinto 

CHARLES BUKOWSKI
Boilermaker 

TRUMAN CAPOTE
Screwdriver 

fotos: Getty Imagens

fonte:
http://glamurama.uol.com.br/de-ernest-hemingway-a-george-clooney-os-8-drinks-favoritos-de-personalidades/

sábado, 21 de novembro de 2015

LIVRO SOBRE ATRIZ RUTH DE SOUZA É LANÇADO EM SÃO PAULO

No Dia da Consciência negra, o autor Julio Claudio da Silva fez uma tarde de autógrafos do livro Uma Estrela Negra no Teatro Brasileiro: Relações Raciais e de Gênero nas Memórias de Ruth de Souza,  no Museu Afro Brasil, em São Paulo.
 O lançamento aconteceu dentro da programação do Museu, ligado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, que incluiu diversas atrações, como exposições, oficinas culinárias, contação de histórias e apresentação de grupos de dança.
A atriz, que mora no Rio de Janeiro, não pode comparecer, mas amigas pessoais de Ruth de Souza, como Ana Elisa Pereira e Wilma Pereira  fizeram questão de prestigiar o evento. Emocionado, o autor Julio, falou um pouco sobre sua pesquisa para o livro, publicado pela UEA Edições, e sobre a importância de Ruth de Souza para movimento negro e o cenário artístico nacional.

“Nesta data - 20 de novembro - não há como dissociar toda a história de Ruth de Souza das questões raciais e de gênero: uma grande atriz negra e mulher. Por  tudo isso, o  livro é também uma homenagem a essa notável  artista brasileira.”, diz Julio Claudio.

Ana Pereira, Wilma Pereira,o escritor Julio Claudio da Silva  e  Emanoel  Araujo - Diretor  Curador do Museu

 O Autor Julio Claudio da Silva  autografando

O Autor Julio Claudio da Silva e  Mucamas - mães de Santo

Caneca com o rosto de Ruth de Souza estampada

Emanoel Araujo Diretor Curador na loja do Museu

ÍCONE DA DRAMATURGIA
Com 94 anos e mais de 70 anos de carreira, a carioca Ruth Pinto de Souza iniciou a carreira nos palcos. E foi na Cia Experimental do Negro que transformou o sonho de menina de ser atriz em realidade. Ela foi a primeira atriz negra a se apresentar no palco nobre do Theatro Municipal do Rio de janeiro, em 1945, com o espetáculo O Imperador Jones. Depois ganhou uma bolsa e passou um ano estudando e se aprimorando na Universidade de Harvard  e na Academia Nacional de Teatro Americano, nos Estados Unidos. Daí para a frente, não parou mais: foram mais de 40 novelas, 33 filmes e dezenas de peças. Foi a primeira protagonista negra da Tv Brasileira, em A Cabana do Pai Tomás (1969). Também foi a primeira brasileira a concorrer ao Leão de Ouro, no Festival de Veneza, por sua atuação no filme Sinhá Moça (1953).

fotos:
Sérgio Savarese